Em teus abraços me desfaço na leveza do teu ser O encontro do olhar As mãos tímidas se esbarram É pensado ou por acaso? Encanto Pranto Canto Do luar ao amanhecer Acentua o abismo Despede-se do que já foi, ou seria do que nunca esteve? Palavras caladas mal compreendidas... O que não é correspondido só o tempo leva embora Falar de amor é fácil, incontáveis são as teorias O difícil é sentir-se amado, é amar sem ter explicação racional Euforia, bem-estar, alegria são apenas palavras inertes Amor é explosão de sentimentos Tudo junto e desconexo Não escolhe o momento Caos, loucura, ternura e sintonia O efêmero eterniza-se na lembrança Digo adeus a esse amor e adormeço ao fim do dia.
Os relacionamentos entre as pessoas atualmente me parecem distantes, mercantilizados e superficiais. As trocas de idéias, de críticas construtivas e de sinceras solidariedades são substituídas pelas trocas monetárias, como se essas fossem práticas inerentes da vivência humana. O “bem material” serve de instrumento e justificativa para preencher o vazio deixado por relações supérfluas e inconsistentes, de modo a construirmos cada vez mais um abismo entre nós mesmos. Então, esse “bem material” está mais para “mal material”, pois ele é a materialização de frustrações e, conseqüentemente, autodestruição.
Agimos mecanicamente e perdemos oportunidades reais de aprendizado, pois o diálogo com o outro se dilui em curtas frases e pensamentos de senso comum.
O mais irônico de tudo isso é que ainda nos definimos como seres superiores. Que seres superiores são esses que não conseguem nem ao menos estabelecer um reflexão mais concreta, ativa e crítica da própria existência entre os seus “iguais”?
Fazer algo verdadeiramente humano está muito além do simples fato de termos polegares opositores e sermos animais bípedes e “racionais”.
Fica a dica: Waking Life, filme estadunidense do ano de 2001.
"Passamos pela vida esbarrando uns nos outros, sempre no piloto automático, como formigas, não sendo solicitados a fazer nada de verdadeiramente humano. Pare. Siga. Ande aqui. Dirija ali. Ações voltadas apenas a sobrevivência. Toda comunicação servindo para manter ativa a colônia de formigas de um modo eficiente e civilizado. “O seu troco”, “Papel ou plástico?”, “Crédito ou débito?”, “Aceita ketchup?”. Não quero um canudo. Quero momentos humanos verdadeiros. Quero ver você. Quero que você me veja. Não quero abrir mão disso. Não quero ser uma formiga, entende?"