sábado, 27 de setembro de 2014

Quando a saudade aperta...desperta!

As vezes me pego a pensar nessa tal de saudade
É vontade de voltar ao passado? Que nostalgia...
Chega até a cair algumas lágrimas
Nostalgia dói...diferente de saudade
De saudade em saudade me escapa um sorriso
Corro atrás dele novamente

Se for pra sentir, que seja saudade
Nostalgia causa vazio
e de brinde tristes lágrimas
A saudade pode até não ter o frescor do tempo presente
Mas pode servir de referência para o melhor que há de vir

Aprenda com o que há de transformador na saudade
Multiplique gratidão...e saudade
Pois assim você multiplicará vivências...e sorrisos

O nostálgico sofre
O saudosista se deleita
O primeiro vive de passado
O segundo reconhece o belo do efêmero
E faz deste o eterno retomado,
mas nunca petrificado 

Colecione saudades
Elas que lhe farão (re)encontrar a essência do viver
A essência do que lhe faz sorrir.



Arte de Gilbert Garcin

terça-feira, 3 de junho de 2014

Entre prédios e minha solidão

Minha sombra não me acompanha mais pelas ruas. A imponência dos prédios se faz presente a cada quarteirão...tento fugir (ou seria me encontrar?), mas nem o reflexo da minha sombra sobrevive à verticalização da vida. Somos sufocados pela falta de luz; a luz natural é evitada, já que telas e lâmpadas "high tech" iluminam "melhor" os seres viciadamente cegos. 

Olho a minha volta e estão todos no mesmo turbilhão que eu; mas a correria é tanta que mal reparam que estão sendo sufocados. As vezes um leve esbarrão é motivo para surtos e agressões...querem sempre encontrar um culpado, e nunca percebem quem (ou o que) realmente lhes hostilizam dia após dia. 

Ah, hierarquização do ser!...liberte-se se for capaz.



sábado, 16 de março de 2013

Em Fim

O previsível acontece,
não há porque ter medo.
Poderia ser mais fácil...
Mas não é.
Nunca será.
Quando o adeus não vem em palavras 
o silêncio já é suficiente,
chega ser ensurdecedor. 
A voz torna-se muda,
para não dizer tristemente nula.
Só o destino parece anular
o que há de mais doce no sonhar.
É improvável que estrelas caídas
voltem ao recanto do céu infinito.
Mas o improvável nunca foi o impossível.



terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Cristais

Tornaram-se cristais inquebráveis
Nenhuma lágrima foi suficiente para desaguar aquelas mágoas
Se olhar atentamente verá seu semblante refletido
Beleza sagaz de tão cristalino

Importar-se?... 
O eterno presente se encarrega de rememorá-las

domingo, 28 de outubro de 2012

Tarde de Domingo

Disse,
e por dizer se entristeceu.
Dos tristonhos olhos castanhos,
fez-se o pranto de um adeus.

O que morre antes mesmo de nascer
pouco fica na lembrança.
O que nasce antes mesmo de compreender
Inocência, esperança.

O que poderia ter sido não foi.
O que foi não poderia ter sido.
Não poderia...
mas foi.
Na verdade, só poderia ter sido o que foi. 


Tu és


Sou digna de ter um trabalho ou ele que me dignifica?
O que sou...meu trabalho que diz?
Horários, metas, resultados
Contratos, curriculum, salários
Decidem meu preço enquanto me pagam à prestação
Trabalho não remunerado mais parece caridade
Tudo tem seu preço
O vencedor é aquele que garante, no mínimo, o teu próprio sustento no fim do mês (sustenta-te a ti mesmo ou a tuas prisões?)
Feliz daquele que chega "vivo" até lá

"Ah! Que batalhador, foi ser alguém na vida!"
Estranho...pensei que "ser alguém" fosse uma condição já dada
Talvez, de fato, a auto-consciência de minha existência dependa do olhar do outro
Mas desde quando preciso de permissão para ser?
Eu só SOU se outrem me disser "tu és"...?
"Tu és" tua certidão de nascimento
"Tu és" teu RG, CPF
"Tu és" tua carteira de trabalho
teus diplomas
teu cartão de crédito
teu plano de saúde
teu atestado de óbito
"Tu és"...

Tu ESTÁS sendo catalogado nesse exato momento
É mais um número de estatísticas rotineiro
O famoso "Sorria!  Você está sendo filmado" é sarcasmo puro
Sua tradução bem poderia ser "Aceite! Você está sendo monitorado"
E somo nós que fiscalizamos uns aos outros
Controlar, enquadrar, rotular tornaram-se nossos prazeres diários prediletos
Sei que isso tudo faz parte de construções sociais
Mas onde está o reconhecimento de transformação?
Somos coniventes com as permanências
Na lei do "salve-se quem puder" o que sai vivo não vive...existe
Existe, dogmatiza, permanece
Meias palavras de senso comum já bastam para cair por terra o que 
de mais valioso o ser humano tanto se glorifica: a razão

Razão para mim é criticidade...pensamentos borbulhantes, 
em metamorfose mesmo
Mas talvez, muito provavelmente eu diria, o ser humano tenha deixado de se metamorfosear

Enquanto respostas- vomitadas em coro - forem mais relevantes que questionamentos, algo de muito nocivo terá a dita "civilidade" humana.